O início de um novo ano judaico ocorre nos dois primeiros dias do mês de Tishrê (setembro no calendário civil), a partir do momento em que a lua nova de Libra* surge no céu. Rosh quer dizer “cabeça” e Hashanah “o ano”. Durante esses dois dias abre-se o portal do julgamento pessoal, onde cada um avalia, julga e sentencia as ações do passado. Temos a oportunidade de relembrar o que fizemos no ano anterior, colocar nos pratos da balança (Libra) o que foi positivo e negativo e decidir o que queremos mudar ou reafirmar no ano que se inicia.

O julgamento construtivo consiste nessa reflexão, pois além de não ser um julgamento compulsório, também não há um sentenciamento punitivo. O portal está aberto, a possibilidade existe, mas apenas atravessaremos o portal se decidirmos (Áries) por um recomeço.

A cabeça, em astrologia, está relacionada com o signo de Áries e o julgamento com o signo de Libra. A Astrologia Cabalista trabalha sempre com o eixo zodiacal, portanto lança uma luz sobre a Sombra (conceito junguiano) que a Persona (Ascendente do Mapa Natal) projeta sobre o outro (Casa 7 do Mapa Natal que é a Sombra projetada). Ao lançar a Sombra no Outro surge a possibilidade de vermos com clareza esse aspecto de nossa personalidade ainda não integrado, portanto, nesse período, está aberto o portal para integrar a Sombra à Persona. Por ocorrer em um momento de Lua Nova, onde temos o Sol (ego) e a Lua (id) entrelaçados, a oferenda do universo é ver/julgar construtivamente todos os aspectos de nossa personalidade e atos, com a possibilidade de construir uma história melhor, diferente, completando o Self.

Após esses dois primeiros dias há um período de sete dias, que nos remete ao ciclo de Saturno (superego), onde visualizamos e construímos o futuro, passo a passo, cotidianamente, para chegar ao Yom Kipur.

Lançamos as sementes a partir do primeiro dia do Rosh Hashanah e no Yom Kipur encerra-se esse ciclo e outro reinicia.

Nos dois dias de Rosh Hashanah come-se o peixe que simboliza o andar contínuo para a frente, dentro do elemento água (que não discrimina e a todos acolhe, que é emoção e inconsciente) e que está presente nos líquidos do corpo humano, do mundo e origina a vida. Come-se também a maçã com mel, tornando o que é doce e agradável ainda mais doce e agradável; unindo o reino vegetal ao animal. Por fim, come-se o pão Chalah Agulah, que é trançado e redondo, simbolizando o infinito onde não há princípio nem fim e a união, pelo entrelaçamento, do ser humano com seu trabalho integrado à natureza (plantio, semeadura e colheita), a alegria do renascimento na colheita, a inteligência em transformar o produto da terra em alimento e a felicidade em saborear esse alimento com todos os semelhantes.

Completando a simbologia do Rosh Hashanah temos o toque do Shofar, que é um instrumento feito do chifre do carneiro (Áries) que será tocado nesse período, despertando nossa consciência, quebrando as resistências e nos guiando para um caminho onde os dias serão doces e bons. Rumo à Terra Prometida!

Que venha o ano novo judaico e que ele seja bom e doce para todos! Shanah Tovah Umetukah!