O início de um novo ano judaico se dá nos dois primeiros dias do mês de Tishrê (dias 15 e 16 de setembro de 2023), a partir do momento em que a lua nova de Libra surge no céu. Rosh quer dizer “cabeça” e Hashanah “o ano”. Durante esses dois dias abre-se o portal do julgamento pessoal, onde cada um avalia, julga e sentencia as ações do passado. Temos a oportunidade de relembrar o que fizemos no ano anterior, colocar nos pratos da balança (Libra) o que foi positivo e negativo e decidir o que queremos mudar ou reafirmar no ano que está iniciando. Na verdade, o período de contração e avaliação começa antes, com o preparo para a chegada dessa data.

O julgamento construtivo consiste nessa reflexão, pois além de não ser um julgamento compulsório também não há um sentenciamento punitivo. O portal está aberto, a possibilidade existe, mas apenas atravessaremos o portal se decidirmos (Áries) por um recomeço.

A cabeça, em astrologia, está relacionada com o signo de Áries e o julgamento com o signo de Libra. A Astrologia Cabalística trabalha sempre com o eixo zodiacal, portanto lança sempre uma luz sobre a Sombra. Estando a pessoa no Ascendente do Mapa Natal, o outro está na Casa 7, e geralmente apontamos o dedo acusatório para ele, e na maioria das vezes ele apenas está reproduzindo algo que não gostamos, mas que também está em nós. Ao lançar a Sombra no Outro surge a possibilidade de vermos com clareza esse aspecto de nossa personalidade ainda não integrado, portanto, nesse período, está aberto o portal para integrar a Sombra. Por ocorrer em um momento de Lua Nova, onde temos o Sol e a Lua entrelaçados, o presente do universo é ver/julgar construtivamente todos os aspectos de nossa personalidade e atos, com a possibilidade de construir uma história melhor, diferente, agregando nossas partes excluídas.

Após esses dois primeiros dias há um período de sete dias, que nos remete ao ciclo de Saturno onde visualizamos e construímos o futuro, passo a passo, cotidianamente, para chegar ao Yom Kipur. Lançamos as sementes a partir do primeiro dia do Rosh Hashanah e no Yom Kipur encerra-se esse ciclo e um novo inicia.

Nos dois dias de Rosh Hashanah come-se o peixe, que simboliza o andar contínuo para a frente dentro do elemento água (que não discrimina e a todos acolhe, que é emoção e inconsciente) e que está presente nos líquidos do corpo humano, no mundo e origina a vida. Come-se também a maçã com mel, tornando o que é doce e agradável ainda mais doce e agradável; unindo o reino vegetal ao animal. Por fim, come-se o pão Chalah Agulah, que é trançado e redondo, simbolizando o infinito onde não há princípio nem fim e a união, pelo entrelaçamento, do ser humano com seu trabalho integrado à natureza (plantio, semeadura e colheita), a alegria do renascimento na colheita, a inteligência em transformar o produto da terra em alimento e a felicidade em saborear esse alimento com todos os semelhantes.

Completando a simbologia do Rosh Hashanah temos o toque do Shofar, que é um instrumento feito do chifre do carneiro (Áries) que será tocado nesse período, despertando nossa consciência, quebrando as resistências e nos guiando para um caminho onde os dias serão doces e bons.

O ano de 5784 é o ano de Guevurah, da disciplina. O planeta que tem sua morada nessa Sefirá de Guevurah, no instante em que se inicia a celebração, estará em Binah, a Sefirá que dá forma através do entendimento. A Lua estará em Chochmah que é a sabedoria, enquanto o Sol estará em Yessod que é o fundamento. Com os pés no chão e a clareza de nossas bases, confiando na inspiração e buscando a sabedoria para tomarmos decisões e agirmos com justeza e ética. Essa é a primeira grande lição desse Rosh Hashanah.

Que venha o ano novo judaico e que ele seja bom e doce para todos! Shanah Tovah Umetukah!