SHEMITÁ – O DESCANSO DA TERRA
Entraremos no ano de Malchut, ano Sabático no calendário judaico, chamado de Shemitá. Em Malchut temos o planeta Terra e todo o mundo da materialidade. O sustento para a vida e a sobrevivência são assuntos dessa Sefira. Astrologicamente temos aqui os dez graus finais dos signos mutáveis. Quando pensamos que a Árvore da Vida é multidimensional, e que Malchut é Keter da Árvore que se insere abaixo dela, da mesma forma que Keter é Malchut da Árvore que se insere acima da mesma, é possível abstrair e ver a relação entre o que se cria a partir do vazio, e também o que retorna da matéria à energia.
O ano sabático de Shemitá, que é o sétimo ano, tem como tradição não se trabalhar a terra. O Eterno criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. A terra deve descansar para que se renove. O Eterno garante que a produção do ano anterior (sexto) será suficiente para os anos seguintes (sétimo e oitavo). Nesse ano as dívidas não podem ser cobradas. A partilha entre os necessitados é incentivada. O maior significado dessa lei é nos ensinar a confiar na divina providência, acreditar que nada nos faltará, desde que a benevolência seja por nós exercida. Perdoar uma dívida ou partilhar o alimento com os mais necessitados é fazer filantropia. Doar abre espaço para receber. A prosperidade vem quando a distribuição se faz.
Outra leitura que pode ser feita desse ano Sabático de Malchut é que se faz necessário traduzir a espiritualidade para a matéria, através da doação, compaixão pelos mais necessitados, evitando o desperdício. Também o caminho inverso deve ser trilhado, usando as ferramentas da matéria para buscar o caminho da luz, para nos aproximarmos mais da espiritualidade.
O pedido desse ano é usar os talentos de acordo com as necessidades, e que seja não apenas em benefício próprio, mas também do próximo. Confiar, deixar que o excesso se vá, retirar-se e acreditar na providência divina. Devemos nos lembrar da transitoriedade da vida, da impermanência, que nada nos pertence e nada criamos. Cultivar a terra é uma metáfora pois não a criamos, ela lá está, adquirimos as sementes que também não criamos, mas usamos nosso trabalho e recursos para semear. Cuidamos, adubamos, regamos e aguardamos o momento certo para a colheita. Nossas posses terrenas são uma ilusão em um mundo de ilusão.
Entraremos em Rosh Hashana com Marte e Netuno em Malchut, muito significativo para o que foi dito acima. Marte traz a energia da Sefira de Guevurah do Rigor, e Netuno de Keter a Coroa. Esse posicionamento é um indicativo de que devemos colocar limites na ganância, seja ela de qual natureza for, com o foco na busca do necessário ao sustento através do trabalho honesto, e sempre tendo como objetivo caminhar em direção à luz, à sabedoria e ao compartilhar.